Duas Metades de Uma Coleção



A Alemanha é um lugar frio, desinteressante, triste e cheio de ranços de guerra, certo? Errado. Pensar assim é a mesma coisa que imaginar o Brasil como uma selva em que as pessoas andam o ano inteiro vestidas (?) com roupas carnavalescas.

Aquele país europeu, na verdade, possui uma história interessante. Um dos vários pontos marcantes de sua trajetória foi o período da Guerra Fria, quando a sua capital foi dividida em dois polos pelo famoso muro: O ocidente capitalista e o oriente socialista.

Essa separação foi a base para a coleção Berlim: Cidade Dividida, que corresponde ao inverno da Jardin, marca mineira regida por Bhárbara Renaut. A escolha aconteceu por meio das experiências da estilista durante uma viagem para a capital alemã dos tempos de hoje. “... duas culturas riquíssimas, vanguardas na arte e no design, na proposição de novas ideias e alternativas de viver passaram a conviver juntamente do mesmo lado do muro: a Alemanha do expressionismo e da Bauhaus e a União Soviética do abstracionismo geométrico, do suprematismo, do construtivismo, de Lênin e de Trotsky...”, explica no release da coleção.



Bhárbara nos mostra detalhes da sua coleção

A marca, que sempre teve recortes geométricos em sua silhueta, apresenta desta vez, formas e modelagens que retratam as linhas retas do design germânico. Em algumas peças é possível enxergar aqueles prédios com formas precisas e minimalistas. A cartela de cores passeia entre tons de vinho, azul e cinza, e na estamparia, percebemos padronagens e variações cromáticas que nos lembram os papeis de parede das casas da Alemanha Oriental (assista Adeus Lenin).



Macro nas texturas

A tipografia da coleção é uma mímica de caracteres russos, outra influência na cultura dos alemães, que também cabe perfeitamente à Jardin: as linhas construtivistas não são a cara dos cortes da marca?







Novidade: Na primeira imagem do look book vemos uma bolsa, a primeira desenvolvida pela Jardin, que pode ser usada também como mochila

Neste inverno,cada peça apresenta a evolução da Jardin, mostrando uma interpretação ímpar do tema como vestimenta, do conceito adaptado à praticidade do dia-a-dia. É um resgate elegante da Alemanha de hoje e de ontem, uma viagem entre o retrô e o moderno. Nada mais contemporâneo que isso.