R Design: Identidade Visual



A partir deste sábado, Belo Horizonte recebe o R Design, encontro regional dos estudantes da área. O evento acontece até o dia 12 e na programação há palestras, oficinas, workshops e mesas redondas, entre outras atividades. O tema é MULTI, que reforça o design como algo único e ao mesmo tempo colaborativo e interdisciplinar. Para comunicar essa ideia em forma de imagem, a estudante de design gráfico Deborah Grandinetti, a Bee, e o designer gráfico Lucas Oriel desenvolveram a identidade visual baseada no Tangran, um quebra-cabeça de origem chinesa que possui peças de formatos diferentes capazes de gerar mais de 1700 combinações de imagens entre si. Numa conversa por email, eles me contaram mais detalhes sobre o processo de criação e destacaram a importância de um projeto possuir a mesma linguagem desde a concepção até a chegada ao público que irá decodificá-lo.



Quanto tempo levou para ser criada a identidade visual, desde os esboços até os arquivos finais? Houve muitas versões antes de chegar à que conhecemos? E curiosidades?
Nós começamos a desenvolver a identidade do RBH nas férias de janeiro e, em fevereiro, já tínhamos o nosso primeiro arquivo de Illustrator: “Assinaturas RDesign BH”. No total, o processo se deu num intervalo de cerca de um mês. No começo fluiu super rápido, sem muitos bloqueios. O nosso primeiro (e único) brainstorm rolou em condições meio atípicas, mas super propícias à
criação. Sentamos à tardinha numa mesa de bar, com mil folhas de papel e alguns copos de cerveja e discutimos por um bom tempo o que achávamos que a identidade tinha que comunicar. Construímos várias representações e rascunhamos tudo que dava na telha, sem censuras. Houve algumas várias soluções para a metáfora visual do MULTI, sugestões de convergência, trocas e influência, mas, curiosamente, a solução do Tangran foi a primeira que apareceu. Depois do brainstorm louco, voltamos para a primeira idéia, que julgamos ser a que traduzia melhor tudo o que queríamos comunicar. Às vezes é assim, né? Depois disso, partimos para a geração de alternativas, baseadas no Tangran. Nessa etapa trabalhamos em casa, separadamente, trocando e-mails, arquivos e pitacos até finalmente ficarmos contentes com o resultado.


Vocês fizeram uma combinação de formas geométricas/cores e relacionaram ao que consideram as grandes áreas do design, a saber, gráfico, produto, moda e interiores. Como vocês realizaram essa ligação? Pontuados por quais escolhas linkaram essas formas e cores às modalidades da profissão?
Na verdade, essas opções não foram tão categóricas quanto pode parecer. É claro que existem relações imediatas e subjetivas que podemos fazer e que certamente contribuíram para as escolhas: conexões com o feminino, comunicação, irradiação, tecnologia, etc. Mas o trabalho se deu mais no sentido de encontrar uma combinação harmônica e, ao mesmo tempo vibrante, dinâmica e contrastante, do que em delimitar tão certinho as correspondências para cada uma das peças. Tanto é que a única coisa que temos de fato definidas é que são quatro peças e quatro cores. No mais, elas se combinam o tempo todo, de maneira diferente, sem limitar o intercâmbio, assim como queremos que as atividades do evento funcionem também.


A relação de pluralidade pode ser vista tanto no tema do evento quanto no seu trabalho em dupla. Como esse panorama colaborou para reforçar a idéia de multiplicidade dentro de um processo colaborativo e com forte unidade?
A gente não se entregaria tanto à organização de um evento se não acreditássemos de verdade na proposta dele. O MULTI certamente foi levado para o nosso trabalho na hora de construir a identidade
pois já fazia parte da nossa própria linha de raciocínio. Logo, foi bem natural que o trabalho tenha fluído de forma colaborativa e integradora, possibilitando a convergência e também a criação de novos caminhos e possibilidades que, consequentemente, se tornam mais amplos. Também acaba sendo natural que o resultado final transpareça de alguma forma essa pluralidade, mesmo sendo conciso e fechadinho.


A identidade foi feita para um evento de design, em que o público possui uma atenção especial ao visual. Vocês acreditam que isso funciona como um estímulo para trabalhar conceitos mais elaborados?
Certamente fazer a identidade para um evento de design aumenta muito mais a responsa. Não que ela tenha que ser mais complexa e elaborada que outros trabalhos por isso! Acreditamos que o projeto deve ser tão bem estruturado dentro de suas exigências como qualquer outro. É meio como cozinhar primeiro para seus amigos e depois para um chef. Você não vai querer fazer um prato pior ou com menos carinho para os seus amigos, só porque eles possivelmente não têm a mesma percepção de sabor e experiência do chef (e podem não reparar que você esqueceu da pimenta do reino). Mas certamente na hora de servir alguém com maior conhecimento do assunto, você fica mais alerta às críticas e aos elogios (e, consequentemente, é mais afetado por eles), pois são argumentos objetivos e fundamentados.




O que acreditam ser essencial para que uma identidade visual seja consistente?
Se fôssemos eleger algumas características de um projeto consistente, certamente falaríamos sobre unidade e originalidade, que são alguns dos grandes grandes pilares da pregnância. Mas vale ressaltar que ser original é muito mais difícil do que se imagina. Muitas vezes, projetos diferentes compartilham de soluções bem semelhantes. Veja a própria identidade do R. Assim que decidimos sua configuração final, estávamos super contentes com o resultado. Tínhamos conseguido traduzir com sucesso o que queríamos comunicar e achávamos que era super original. Foi só dar alguns meses que começamos a descobrir vários Tangrans espalhados pelo mundo. Alguns surgiram depois de lançarmos a identidade e outros já existiam antes. E em algumas situações, a metáfora do Tangran foi utilizada para comunicar conceitos até bem parecidos com o MULTI. Não tínhamos conhecimento desses projetos antes, mas mesmo assim, traçamos caminhos parecidos. Mas e aí? Isso não anula o fato de que a identidade funciona muito bem e nem faz com que as pessoas desmereçam o projeto. A partir do momento em que compartilhamos bagagens com pessoas semelhantes, é normal que os caminhos tendam a convergir. Por isso ser original é tão difícil. Acreditamos que o essencial mesmo é que o projeto todo fale uma língua só e, mais importante, que seja entendido em uníssono por todos com os quais ele conversa.



Imagens: Behance de Deborah Grandinetti

Serviço R Design:
Conheça o site.
Acesse o Blog.
Saiba mais detalhes sobre a identidade visual aqui.

4 comentários:

Mari disse...

Ai que tudo!
Se soubesse do evento antes gostaria de participar :/
Mais nem fiquei sabendo nada acredita ?
O conceito da logo em criá-la a partir do tangran é bem legal, mas não achei muito legal o jogo das cores :*

ro disse...

ei!
tempinho sem passar aqui, mas é a correria!
ta td lindo
Re e carol, vcs mandam bem demais!
bjs com saudades nossas

Binóculo disse...

Oi, Mari.
Bacana o seu retorno, mas a gente acha que as cores funcionam muito bem.
:)

Binóculo disse...

Oi, Rô.
Sempre bem vinda aqui. Volte mais vezes.

Postar um comentário